Adolfo Aizen: o Homem dos gibis

07.01.2007
Foi o maior editor de quadrinhos do Brasil. A editora criada por A.Aizen – Editora Brasil América, mais conhecida por EBAL – predominou no mercado nas décadas de 1940 a 1970, período considerado a “Era de Ouro das Histórias em Quadrinhos”. Trouxe para o Brasil a melhor produção de HQs dos Estados Unidos e da Europa e deu mão forte aos desenhistas brasileiros. Além de competente e dinâmico editor, foi um idealista. A menina dos olhos de Aizen foi o “Museu de Quadrinhos”, uma exposição permanente e bem cuidada dos milhares de títulos de gibis editados pela EBAL.
Entretanto, para poder se estabelecer como editor, em 1942, Aizen teve de usar de um estratagema. Na ocasião, era proibida a estrangeiros a participação (e muito menos a posse ou direção) de qualquer entidade da mídia brasileira. Aizen era natural de Ieka Trinoslav, aldeia de Catanna, na Russia, em 1904.Veio com os pais para o Brasil com 3 anos, fugindo da perseguição aos judeus no país de origem. A família foi para Juazeiro, no interior do nordeste. Naquela cidade foi criado e estudou até os 15 anos, quando se mudou para o Rio, sozinho, em busca de trabalho. Teve sucesso como jornalista. Mas quando quis se tornar empresário, justamente no ramo da editoração dos quadrinhos, teve de se “naturalizar” brasileiro, isto é, conseguiu um registro de nascimento do cartório de Juazeiro. Esta naturalização, que em nada desmerece o trabalho e o êxito de Aizen, foi mantida em segredo por toda a vida de Aizen, sendo desconhecida até mesmo da esposa e filhos. A lei, exemplo típico da xenofobia irracional que predomina até hoje em certos setores de nossa sociedade, foi revogada em 1994.